Martírio

Larissa Seixas
2 min readJul 28, 2020

Quando ela ficava brigada, não conseguia segurar os sentimentos e descarregava todas as angústias sobre ele. Falava tudo o que estava pensando de todos os males que estava sofrendo, principalmente quando algum era por culpa dele. Desafogava.

Quando ele ficava brigado, engolia todas as palavras e passava dias com a cara fechada sem que ninguém soubesse o motivo. Calava. Era preciso uma investigação minuciosa de todos os momentos vividos até ali, para que ela entendesse o que levou os dois a chegarem àquele ponto. Ela quase sempre conseguia entender o motivo, quando errava era por questão de direcionamento.

Os dias em que ela estava brigada passavam rápido, talvez as horas é que passassem devagar. Mas os dias em que ele estava brigado demoravam muito de passar, podiam durar semanas. Um martírio.

Quando ela estava brigada, ela se afastava para ficar sozinha sarando as próprias feridas. Quando ele estava brigado, ele fazia questão de ocupar todos os espaços da casa.

Quando ela não queria ver a cara dele, ele dormia para passar os minutos ou ligava em qualquer jogo de futebol que estivesse passando na televisão. Quando ele não queria ver a cara dela, ela se escondia no quarto com algum livro ou comédia romântica que fizesse passar o tempo.

Quando ela estava brigada, não dava um pio. Quando ele estava brigado, resmungava sem motivo.

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Larissa Seixas

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